Este espaço é reservado para alunos do - PROF. MARIEL para simpatizantes e curiosos.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
sexta-feira, 3 de junho de 2011
ALGUNS mOVIMENTOS E GOLPES
Ginga
Au fechado
Au
Cocorinha
Esquiva basica com role
benção
Queixada lateral
Meia lua de frente
Meia lua solta
Meia lua de compasso
Armada
Meia lua solta com meia lua navalha
Au agulha e salto mortal
Pião de mão
Queda de rins
macaco
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Besouro Mangangá
A palavra capoeirista assombrava homens e mulheres, mas o velho escravo Tio Alípio nutria grande admiração pelo filho de João Grosso e Maria Haifa. Era o menino Manuel Henrique que, desde cedo aprendeu, com o Mestre Alípio, os segredos da Capoeira na Rua do Trapiche de Baixo, em Santo Amaro da Purificação, sendo batizado como Besouro Mangangá por causa da sua flexibilidade e facilidade de desaparecer quando a hora era para tal.
Negro forte e de espírito aventureiro, nunca trabalhou em lugar fixo nem teve profissão definida.
Quando os adversários eram muitos e a vantagem da briga pendia para o outro lado, "Besouro" sempre dava um jeito, desaparecia. A crença de que tinha poderes sobrenaturais veio logo, confirmando o pmotivo de ter ele sempre que carregar um "patuá". De trem, a cavalo ou a pé, embrenhando-se no matagal, Besouro, dependendo das circunstâncias, saia de Santo Amaro para Maracangalha, ou vice-versa, trabalhando em usinas ou fazendas.
Certa feita, quem conta é o seu primo e aluno Cobrinha Verde, sem trabalho, foi a Usina Colônia (hoje Santa Eliza) em Santo Amaro, conseguindo colocação. Uma semana depois, no dia do pagamento, o patrão, como fazia com os outros empregados, disse-lhe que o salário havia "quebrado" para São Caetano. Isto é: não pagaria coisa alguma. Quem se atrevesse a contestas era surrado e amarrado num tronco durante 24 horas. Besouro, entretanto, esperou que o empregador lhe chamasse e quando o homem repetiu a célebre frase, foi segurado pelo cavanhaque e forçado a pagar, depois de tremenda surra.
Misto de vingador e desordeiro, Besouro não gostava de policiais e sempre se envolvia em complicações com os milicianos e não era raro tomava-lhes as armas, conduzindo-os até o quartel. Certa feita obrigou um soldado a beber grande quantidade de cachaça. O fato registrou-se no Largo de Santa Cruz, um dos principais de Santo Amaro. O militar dirigiu-se posteriormente à caserna, comunicando o ocorrido ao comandante do destacamento, Cabo José Costa, que incontinente designou 10 praças para conduzir o homem preso morto ou vivo.
Pressentindo a aproximação dos policiais, Besouro recuou do bar e, encostando-se na cruz existento no largo, abriu os braços e disse que não se entregava. Ouviu-se violenta fuzilaria, ficando ele estendido no chão. O cabo José chegou-se e afirmou que o capoeirista estava morto. Besouro então ergueu-se, mandou que o comandante levantasse as mãos, ordenou que todos os soldados fossem e cantou os seguintes versos: Lá atiraram na cruz/ eu de mim não sei/ se acaso fui eu mesmo/ ela mesmo me perdoe/ Besouro caiu no chão fez que estava deitado/ A plícia/ ele atirou no soldado/ vão brigar com caranguejos/ que é bicho que não tem sangue/ Polícia se briga/ vamos prá dentro do mangue.
As brigas eram sucessivas e por muitas vezes Besouro tomou partido dos fracos contra os propritários de fazendas, engenhos e policiais. Empregando-se na Fazenda do Dr. Zeca, pai de um rapaz conhecido por Memeu, Besouro foi com ele às vias de fato, sendo então marcado para morrer.
Homem influente, o Dr. Zeca mandou pelo próprio Besouro, que n7atilde;o sabia ler nem escrever, uma carta para um seu amigo, administrador da Usina Maracangalha, para que liquidasse o portador. O destinatário com rara frieza mandou que Besouro esperasse a resposta no dia seguinte. Pela manhã, logo cedo, foi buscar a resposta, sendo então cercado por cerca de 40 soldados, que incontinente fizeram fogo, sem contudo atingir o alvo. Um homem entretanto, conhecido por Eusébio de Quibaca, quando notou que Besouro tentava afastar-se gingando o corpo, chegou-se sorrateiramente e desferiu-lhe violento golpe com uma faca de ticum.
Manuel Henrique, o Besouro Mangangá, morreu jovem, com 27 anos, em 1924, restando ainda dois dos seus alunosL Rafael Alves França, Mestre Cobrinha Verde e Siri de Mangue.
Hoje, Besouro é símbolo da Capoeira em todo o território baiano, sobretudo pela sua bravura e lealdade com que sempre comportou com relação aos fracos e perseguidos pelos fazendeiros e policiais.
As circunstâncias da sua morte são contraditórias. Há versões de que foi num confronto com a polícia, outras de que foi na "trairagem", num ataque de faca pelas costas. Esta última é muito cantada e transmitida oralmente na capoeira. Um fazendeiro conhecido por Dr. Zeca, após seu filho Memeu apanhar de Besouro, armou uma cilada mandando-o entregar um bilhete a um amigo que administrava a fazendo Maracangalha. Tal bilhete pedia para que seu portador fosse morto. Besouro, analfabeto, não pôde ler que aquele bilhete era endereçado ao seu assassino e esclarecia que o portador era a vítima, assim no dia seguinte ao voltar para saber a resposta 40 soldados estavam esperando Besouro. Um homem conhecido por Eusébio de Quibaca acertou-lhe uma faca de tucum (ou ticum) - um tipo de madeira. Besouro teria sido, então, esfaqueado com a tal faca de tucum pelas costas.
As circunstâncias da sua morte são contraditórias. Há versões de que foi num confronto com a polícia, outras de que foi na "trairagem", num ataque de faca pelas costas. Esta última é muito cantada e transmitida oralmente na capoeira. Um fazendeiro conhecido por Dr. Zeca, após seu filho Memeu apanhar de Besouro, armou uma cilada mandando-o entregar um bilhete a um amigo que administrava a fazendo Maracangalha. Tal bilhete pedia para que seu portador fosse morto. Besouro, analfabeto, não pôde ler que aquele bilhete era endereçado ao seu assassino e esclarecia que o portador era a vítima, assim no dia seguinte ao voltar para saber a resposta 40 soldados estavam esperando Besouro. Um homem conhecido por Eusébio de Quibaca acertou-lhe uma faca de tucum (ou ticum) - um tipo de madeira. Besouro teria sido, então, esfaqueado com a tal faca de tucum pelas costas.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
A Música na Capoeira é tão importante quanto o próprio jogo da Capoeira
Ladainha
Cântico que é entoado na Roda de Capoeira, tradicionalmente na capoeira Angola, que , seguido a tradição, deve ser cantada por um Mestre - o mais velho e/ou mais considerado -, ou, com a autorização do Mestre da Roda , por um dos Capoeiristas que vão "fazer um jogo", ao "pé do Berimbau". As Ladainhas trazem em seu bojo a história da Capoeira e de seus grandes personagens , concepções de mundo, orientações a algum aprendiz etc. Segundo os "Velhos Mestres" da Bahia, enquanto a Ladainha está sendo cantada, não se realiza nenhum "jogo físico", é necessário aproveitar o momento para dedicar-se à concentração máxima, tendo em vista o correto entendimento da(s) mensagem(ns) que nela está(estão) contida(s).
Yê !
Menino quem te matou ?
foi a língua meu senhor
eu te dava conselho
pensava ser ruim
e eu sempre te dizendo
inveja matou Caim.
Camaradinho
Yê viva a Bahia
Yê viva a Bahia camarado
Corrido
Cântico da Capoeira que , assim como os toques do berimbau , determina o tipo de jogo dos dois capoeristas.
Apanha a laranja no chão Tico-Tico
se meu amor for embora eu não fico
apanha com a mão , com o pé ou com o bico
sua saia é de renda ou de bico
coro: apanha a laranja no chão tico-tico
Cântico que é entoado na Roda de Capoeira, tradicionalmente na capoeira Angola, que , seguido a tradição, deve ser cantada por um Mestre - o mais velho e/ou mais considerado -, ou, com a autorização do Mestre da Roda , por um dos Capoeiristas que vão "fazer um jogo", ao "pé do Berimbau". As Ladainhas trazem em seu bojo a história da Capoeira e de seus grandes personagens , concepções de mundo, orientações a algum aprendiz etc. Segundo os "Velhos Mestres" da Bahia, enquanto a Ladainha está sendo cantada, não se realiza nenhum "jogo físico", é necessário aproveitar o momento para dedicar-se à concentração máxima, tendo em vista o correto entendimento da(s) mensagem(ns) que nela está(estão) contida(s).
Yê !
Menino quem te matou ?
foi a língua meu senhor
eu te dava conselho
pensava ser ruim
e eu sempre te dizendo
inveja matou Caim.
Camaradinho
Yê viva a Bahia
Yê viva a Bahia camarado
Corrido
Cântico da Capoeira que , assim como os toques do berimbau , determina o tipo de jogo dos dois capoeristas.
Apanha a laranja no chão Tico-Tico
se meu amor for embora eu não fico
apanha com a mão , com o pé ou com o bico
sua saia é de renda ou de bico
coro: apanha a laranja no chão tico-tico
O QUE É A GINGA
Ginga é a troca constante de base.
É uma característica da capoeira que consiste na movimentação constante de braços e pernas executados pelo capoeirista, em movimentos de vai e vem, avanços e recuos, iludindo o adversário e buscando a melhor oportunidade para desferir seus golpes.
É uma característica da capoeira que consiste na movimentação constante de braços e pernas executados pelo capoeirista, em movimentos de vai e vem, avanços e recuos, iludindo o adversário e buscando a melhor oportunidade para desferir seus golpes.
INSTRUMENTOS DA CAPOEIRA
Berimbau
O berimbau é que cria o clima e dita o jogo que vai acontecer na roda. Dizem os velhos mestres: “O berimbau ensina”. Os berimbaus criam uma corrente e uma vibração que, junto com as palmas, os cantos, o pandeiro e o atabaque, influenciam os jogadores.
Existem três tipos de berimbau:
1. Gunga, de som mais grosso, faz o papel de contrabaixo: marca o ritmo;
2. Berimbau Médio ou de centro, ou simplesmente “berimbau”, dobra em cima do ritmo básico do gunga: é como se fosse o violão, ou guitarra de ritmo;
3. Viola ou Violinha, é o berimbau de som mais agudo; faz os “contratoques” e improvisos: equivaleria ao violão ou guitarra-solo.
O berimbau é feito com um arco de madeira (chamada biribá), e com um fio de arame preso nas duas extremidades desse arco. Uma cabaça com uma abertura em um dos lados é presa à parte inferior externa do arco, aproximadamente de 20 a 25 centímetros da ponta do instrumento, com um pedaço de corda. Essa corda é também amarrada em torno do fio de arame, e quando pressionada ela altera o som do mesmo. Os tons do berimbau são modificados pela aproximação e afastamento da cabaça em relação ao corpo do músico, assim abrindo ou fechando o buraco.
Os outros 3 componentes: o dobrão, que é segurada contra o arame, uma pequena vareta para tocar o fio (baqueta), e o caxixi.
O Berimbau também é conhecido por vários outros nomes como: urucungo, orucungo, oricungo, uricungo, rucungo, berimbau de barriga, gobo, marimbau, bucumbumba, gunga, macungo, matungo e rucumbo.
Em Cuba é chamado de sambi, pandigurao, gorokikamo e burumbumba.
O Berimbau de Boca
Também conhecido como “marimbau” ou “marimba”, é um pequeno instrumento de metal arqueado em forma de diapasão sem cabo, que os escravos usavam preso aos dentes, com os quais faziam soar as pontas do metal. O formato de diapasão sem cabo é semelhante a u m grampo de cabelo, porém um pouco maior. A caixa de ressonância é a própria boca do tocador.Atualmente, o berimbau de boca não é mais usado, apesar de alguns mestres antigos, especialmente de Capoeira Angola ainda saberem tocá-lo. É uma peça raríssima, encontrada mais possivelmente em museus.
Caxixi
são cestos entrelaçados enchidos com pequenas contas, conchas, pedras ou feijões.
Por serem feitos à mão eles existem em vários formatos e tamanhos, usado como chocalho pelo tocador de berimbau, o qual segura a peça com a mão, juntamente com a Baqueta, executando o toque e marcando o ritmo.
Baqueta
É uma vareta de madeira de, aproximadamente 30 a 40 centímetros, tendo uma extremidade mais grossa que a outra. A vareta é normalmente feita de biriba.Dobrão
Usado para auxiliar as variações de toques do berimbau, geralmente é uma pedra, mas também ultilizam moeda.Pandeiro
Instrumento de percussão, de origem indiana que requer considerável técnica para ser tocado.
Pandeiros podem ter peles de couro ou de plástico. Eles existem em diferentes tamanhos, com os de 10 e 12 polegadas sendo os mais comuns. As peles de couro produzem uma qualidade de som melhor, mas apresentam problemas de afinação causados por alterações climáticas, logo as peles de plástico são mais encontradas. O pandeiro é segurado por uma das mãos, enquanto a ponta dos dedos, o polegar e a base da outra mão são usados para tocar a pele do lado de cima. Os tons abertos e fechados podem ser obtidos através do uso do polegar ou do dedo médio da mão que segura o instrumento. O polegar pode abafar a pele do lado de cima, o dedo médio pode abafar o lado de baixo.
Foi introduzido no Brasil pelos portugueses, que o usavam para acompanhar as procissões religiosas que faziam. É o som cadenciado do pandeiro que acompanha o som do caxixi do berimbau, dando “molejo” ao som da roda.
Ao tocador de pandeiro é permitido executar floreios e viradas para enfeitar a música.
Atabaque
Instrumento de origem árabe, que foi introduzido na África por mercadores que entravam no continente através dos países do norte, como o Egito.
É geralmente feito de madeira de lei como o jacarandá, cedro ou mogno cortada em ripas largas e presas umas às outrascom arcos de ferro de diferentes diâmetros que, de baixo para cima dão ao instrumento uma forma cônico-cilíndrica, na parte superior, a mais larga, são colocadas “travas” que prendem um pedaço de couro de boi bem curtido e muito bem esticado. É o atabaque que marca o ritmo das batidas do jogo. Juntamente com o pandeiro é ele que acompanha o solo do berimbau.
Reco-Reco
Instrumento de percussão composto, são feitos de caixas de metal com sulcos cortados na parte de cima ou tubos de metal com molas estendidas ao longo de sua extensão.
São tocados através do deslizamento de uma baqueta de metal ou madeira contra as molas ou sulcos. É usado em rodas de capoeira Angola na Bahia, em outros estados seu uso é eventual.
Agogô
Instrumento de origem africana composto de um pequeno arco, uma alça de metal com um cone metálico em cada uma das pontas, estes cones são de tamanhos diferentes, portanto produzindo sons diferentes que também são produzidos com o auxílio de um ferrinho que é batido nos cones. Também faz parte da “BATERIA” da roda de capoeira.
O termo agogô pertence a língua nagô e vem do vocábulo agogô, que quer dizer sino.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
HISTORIA DA CAPOEIRA
O Brasil a partir do século XVI foi palco de uma das maiores violências contra um povo. Mais de dois milhões de negros foram trazidos da África, pelos colonizadores portugueses, para se tornarem escravos nas lavouras da cana-de-açúcar. Tribos inteiras foram subjugadas e obrigadas a cruzar o oceano como animais em grandes galeotas chamadas de navios negreiros. Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro foram os portos finais da maior parte desse tráfico.
Ao contrário do que muitos pensam, os negros não aceitaram pacificamente o cativeiro; a história brasileira está cheia de episódios onde os escravos se rebelaram contra a humilhante situação em que se encontravam. Uma das formas dessa resistência foi o quilombo; comunidades organizadas pelos negros fugitivos, em locais de difícil acesso. Geralmente em pontos altos das matas. O maior desses quilombos estabeleceu-se em Pernambuco no século XVII, numa região conhecida como Palmares. Uma espécie de Estado africano foi formado. Distribuído em pequenas povoações chamadas mocambos e com uma hierarquia onde no ápice encontrava-se o rei Ganga-Zumbi, Palmares pode ter sido o berço das primeiras manifestações da Capoeira.
Desenvolvida para ser uma defesa, a Capoeira foi sendo ensinada aos negros ainda cativos, por aqueles que eram capturados e voltavam aos engenhos. Para não levantar suspeitas, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e músicas africanas para que parecessem uma dança. Assim, como no Candomblé, cercada de segredos, a Capoeira pode se desenvolver como forma de resistência.
Do campo para a cidade a Capoeira ganhou a malícia dos escravos de 'ganho' e dos frequentadores da zona portuária. Na cidade de Salvador, capoeiristas organizados em bandos provocavam arruaças nas festas populares e reforçavam o caráter marginal da luta. Durante décadas a Capoeira foi proibida no Brasil. A liberação da sua prática deu-se apenas na década de 30, quando uma variação da Capoeira (mais para o esporte do que manifestação cultural) foi apresentada ao então presidente, Getúlio Vargas. De lá para cá a Capoeira Angola aperfeiçoou-se na Bahia mantendo fidelidade às tradições, graças principalmente ao seu grande guru, Mestre Pastinha , que jogou Capoeira até os 79 anos, formando gerações de angoleiros .
Mestre Pastinha | Elementos da Capoeira Angola Já dizia o Mestre Pastinha, "Capoeira Angola é, antes de tudo, luta e luta violenta." Mas atualmente a Capoeira é normalmente praticada como um esporte ou simplesmente folclore para perservar as tradições. |
É claro que entre os praticantes sérios, em seus treinos, os golpes são apenas simulados e a Capoeira torna-se um exercício físico e mental. A violência dos seus golpes, no entanto, não deixa espaço para meio termo; ou joga-se Capoeira 'para valer', com as suas sérias consequências ou apenas simula-se um jogo. A possibilidade de enquadrá-la em regras esportivas é inexistente; quem assim o faz está sendo leviano ou não conhece de fato a Capoeira. Os Golpes A Capoeira Angola tem um número relativamente pequeno de golpes que podem, no entanto, atingir uma harmoniosa complexidade através de suas variações. Assim como a música tem apenas sete notas . Os seus principais golpes são: Cabeçada, Rasteira, Rabo de Arraia, Chapa de Frente, Chapa de Costas, Meia Lua e Cutilada de Mão. A Música A Capoeira é a única modalidade de luta marcial que se faz acompanhada por instrumentos musicais. Isso deve-se basicamente às suas origens entre os escravos, que dessa forma disfarçavam a prática da luta numa espécie de dança, enganando os senhores de engenho e os capitães-do-mato. No início esse acompanhamento era feito apenas com palmas e toques de tambores. Posteriormente foi introduzido o Berimbau (foto), instrumento composto de uma haste tensionada por um arame, tendo por caixa de ressonância uma cabaça cortada. O som é obtido percutindo-se uma haste no arame; pode-se variar o som abafando-se o som da cabaça e (ou) encostando uma moeda de cobre no arame; complementa o instrumento o caxixi, uma cestinha de vime com sementes secas no seu interior. O Berimbau, um instrumento usado inicialmente por vendedores ambulantes para atrair fregueses, tornou-se instrumento símbolo da Capoeira, conduzindo o jogo com o seu timbre peculiar. Os ritmos são em compasso binário e os andamentos - lento, moderado e rápido são indicados pelos toques do Berimbau. Entre os mais conhecidos estão o São Bento Grande, o São Bento Pequeno (mais rápido), Angola, Santa Maria, o toque de Cavalaria (que servia para avisar a chegada da polícia), o Amazonas e o Iuna. Numa roda de angoleiros o conjunto rítmico completo é composto por: três berimbaus (um grave - Gunga; um médio e um agudo - Viola); dois pandeiros; um reco-reco; um agogô e um atabaque. A parte musical tem ainda ladainhas que são cantadas e repetidas em coro por todos na roda. Um bom capoeirista tem obrigação de saber tocar e cantar os temas da Capoeira. O Jogo "Capoeira é um diálogo de corpos, eu venço quando o meu parceiro não tem mais respostas para as minhas perguntas" - Mestre Moraes. O jogo da Capoeira na forma amistosa, ou seja, na roda é verdadeiramente um diálogo de corpos. Dois capoeiristas se benzem ao pé do Berimbau e iniciam um lento balé de perguntas e respostas corporais, até que um terceiro 'compre o jogo' e assim desenvolve-se sucessivamente até que todos entrem na roda. A Malícia Elemento básico da Capoeira Angola, a malícia ou mandinga a torna ainda mais perigosa. Essa malandragem que faz que vai e não vai, retira-se e volta rapidamente; essa ginga de corpo que engana o adversário, faz o diferencial da Capoeira em relação às outras artes marciais. Essa é uma característica que não se aprende apenas treinando. Mestres Vicente Ferreira Pastinha (1889-1982) - Mestre Pastinha, "mestre da Capoeira de Angola e da cordialidade baiana, ser de alta civilização, homem do povo com toda a sua picardia, é um dos seus ilustres, um de seus obás, de seus chefes. É o primeiro em sua arte; senhor da agilidade e da coragem..." Jorge Amado. Baiano de Salvador, do Pelourinho, Pastinha foi o grande mestre da Capoeira Angola, aperfeiçoando a arte centenária dos escravos. Ele organizou uma escola, estabeleceu um método de ensino com base nas antigas tradições e ainda escreveu o primeiro livro do gênero, onde expõe a sua concepção filosófica. Foi com o Mestre Pastinha que foram instituidas as cores amarelo e preto para o uniforme dos angoleiros e a constituição da bateria composta por três berimbaus, dois pandeiros, um atabaque, um reco-reco e um agogô. "Capoeira é tudo o que a boca come", dizia ele na sua singular filosofia. Formou capoeiristas como João Grande, João Pequeno, Curió e tantos outros. |
Antônio Carlos Moraes Mestre Caiçara Uma das lendas da Capoeira; sua história mais parece tirada de livros de ficção. Numa época em que o Pelourinho não tinha o glamour de hoje, Mestre Caiçara ditava as regras num território de prostitutas e cafetões; de traficantes e malandros. Todos tinham que pedir a sua benção. Gravou um dos principais discos da Capoeira Angola onde exemplifica os diversos toques de berimbau, além de cantar ladainhas e sambas de roda. Faleceu em agosto de 1997. João Pereira dos Santos Mestre João Pequeno Aluno do Mestre Pastinha e um dos mais antigos e importantes mestres da Capoeira Angola em atividade. Pela academia do Mestre João Pequeno, no Centro Histórico de Salvador, passaram alguns dos principais angoleiros da nova geração. É possível vê-lo quase todas as noites jogando e ensinando a tradicional arte da Capoeira. Academia de Capoeira Angola de Mestre João Pequeno Centro de Cultura Popular Forte de Santo Antônio - Santo Antônio além do Carmo Salvador - Bahia |
João Oliveira dos Santos Mestre João Grande Um dos principais díscipulos do mestre Pastinha. Por mais de 40 anos o Mestre João Grande tem praticado e ensinado Capoeira Angola. Ele viajou para África, Europa e América do Norte, onde ensina atualmente, em sua academia na cidade de New York. De lá ele continua mantendo o intercâmbio com a Bahia e acompanhando a movimentação da Associação Brasileira de Capoeira Angola. |
História da Capoeira Origem da palavra capoeira, cultura afro-brasileira, luta, funções sociais, como começou a capoeira, proibição, transformação em esporte nacional, os estilos
Raízes africanas
A história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na África, faziam muitas danças ao som de músicas.
No Brasil
Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta.
Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.
A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.
Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro.
Três estilos da capoeira
Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.
A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.
Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro.
Três estilos da capoeira
A capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da escravidão, é a capoeira angola. As principais características deste estilo são: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita malícia. O estilo regional caracteriza-se pela mistura da malícia da capoeira angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas. Já o terceiro tipo de capoeira é o contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este último estilo de capoeira é o mais praticado na atualidade.
MESTRE BIMBA
Mestre Bimba (1900-1974)
Manuel dos Reis Machado nasceu no dia 23 de novembro de 1900, no bairro Engenho Velho, Freguesia de Brotas, Salvador, Bahia.
O apelido ele ganhou logo ao nascer de uma aposta feita entre sua me, Maria Martinha do Bonfim e a parteira que o aparou.
Seu pai, Lus Cndido Machado, era conhecido como um grande batuqueiro, campeo de batuque.
Iniciou-se na capoeira aos 12 anos de idade, seu mestre foi o africano Bentinho, capito da Companhia de Navegao Baiana.
Aos 18 anos comea a dar aulas no bairro onde nasceu. Como ele mesmo dizia:
Em 1918 no havia escola de capoeira, havia sim rodas de capoeira, nas esquinas, nos armazns e no meio do mato.
Em 1928 achando que a capoeira que ele praticava e ensinava era pouco competitiva, e que deixava a desejar em termos de luta, juntou golpes de batuque capoeira de angola e criou a capoeira regional.
Fiz a capoeira regional. Enquanto estudava e praticava a de angola fui inventando e aperfeioando novos golpes.
Em 1928 eu criei, completa, a regional que o batuque misturado com a angola, com mais golpes, uma verdadeira luta, boa para o corpo e para a mente.
A capoeira regional criada por Mestre Bimba foi motivo de muita polmica entre os outros capoeiristas que no concordavam com sua radical mudana. Por outro lado, os jornais e revistas da poca no cansavam de noticiar suas proezas. A fama de Bimba e da capoeira regional se propaga pelo Brasil.
Em 1932, fundou sua primeira academia especializada com o nome de Centro de Cultura Fsica e Regional. Cinco anos depois, em 1937, era reconhecida e registrada oficialmente pelo governo. Em 1939, Bimba ensina capoeira regional no quartel do CPOR. Instalou sua segunda academia em 1942.
Bimba leva a capoeira em exibies por todo o pas e em 23 de julho de 1953 apresenta-se para o ento presidente Getlio Vargas, no palcio da Aclamao em Salvador. Ao apertar-lhe a mo o Presidente disse:
A capoeira o nico esporte verdadeiramente nacional.
Foi depois desta apresentao que Getlio Vargas liberou as manifestaes populares at ento perseguidas e, com isso, beneficiou a capoeira que deixou de ser proibida pela polcia.
Casado e pai de 10 filhos, Bimba enfrentava problemas financeiros. Assim, acreditando em promessas de maior reconhecimento e de uma vida melhor, Mestre Bimba deixa Salvador e parte para Goinia.
Porm sua vida em Goinia no foi como lhe haviam prometido. Um ano depois de deixar a Bahia, no dia 05 de fevereiro de 1974, morre Mestre Bimba.
O homem que elevou a capoeira de status, que a tirou de baixo do p do boi, como gostava de dizer, e a introduziu nos meios universitrios e sociais de Salvador, que foi citado em enciclopdias e filmado por turistas do mundo todo.
Sepultado em Goinia, seus restos mortais foram transladados para Salvador em 20 de julho de 1978.
Bimba se foi mas deixou sua majestosa, inigualvel obra, a qual, como ele, tornaram-se imortais, deixando sua filosofia e sua fora de fazer uma capoeira forte e insupervel, uma capoeira autntica, digna de ser chamada Capoeira Regional, a arte marcial brasileira.
Algumas criaes de Mestre Bimba:
. Criou a capoeira regional, na poca consistia de 52 golpes.
. Criou um mtodo de ensino, a chamada seqncia de Bimba que consiste em 8 seqncias de ataque e defesa para serem executados na roda.
. Criou a seqncia de cintura desprezada, que uma srie de bales cinturados, que os alunos s podiam jogar depois de formados, ao toque de iuna.
. Criou o batizado de capoeira, um ritual onde o aluno iniciado na capoeira recebendo um apelido e sua primeira graduao.
. Criou a graduao na capoeira, que consistia em 4 lenos de esguio de seda:
1 leno cor azul aluno formado
2 leno cor vermelho aluno formado e especializado
3 leno cor amarelo curso de armas
4 leno cor branco mestre de capoeira
Manuel dos Reis Machado nasceu no dia 23 de novembro de 1900, no bairro Engenho Velho, Freguesia de Brotas, Salvador, Bahia.
O apelido ele ganhou logo ao nascer de uma aposta feita entre sua me, Maria Martinha do Bonfim e a parteira que o aparou.
Seu pai, Lus Cndido Machado, era conhecido como um grande batuqueiro, campeo de batuque.
Iniciou-se na capoeira aos 12 anos de idade, seu mestre foi o africano Bentinho, capito da Companhia de Navegao Baiana.
Aos 18 anos comea a dar aulas no bairro onde nasceu. Como ele mesmo dizia:
Em 1918 no havia escola de capoeira, havia sim rodas de capoeira, nas esquinas, nos armazns e no meio do mato.
Em 1928 achando que a capoeira que ele praticava e ensinava era pouco competitiva, e que deixava a desejar em termos de luta, juntou golpes de batuque capoeira de angola e criou a capoeira regional.
Fiz a capoeira regional. Enquanto estudava e praticava a de angola fui inventando e aperfeioando novos golpes.
Em 1928 eu criei, completa, a regional que o batuque misturado com a angola, com mais golpes, uma verdadeira luta, boa para o corpo e para a mente.
A capoeira regional criada por Mestre Bimba foi motivo de muita polmica entre os outros capoeiristas que no concordavam com sua radical mudana. Por outro lado, os jornais e revistas da poca no cansavam de noticiar suas proezas. A fama de Bimba e da capoeira regional se propaga pelo Brasil.
Em 1932, fundou sua primeira academia especializada com o nome de Centro de Cultura Fsica e Regional. Cinco anos depois, em 1937, era reconhecida e registrada oficialmente pelo governo. Em 1939, Bimba ensina capoeira regional no quartel do CPOR. Instalou sua segunda academia em 1942.
Bimba leva a capoeira em exibies por todo o pas e em 23 de julho de 1953 apresenta-se para o ento presidente Getlio Vargas, no palcio da Aclamao em Salvador. Ao apertar-lhe a mo o Presidente disse:
A capoeira o nico esporte verdadeiramente nacional.
Foi depois desta apresentao que Getlio Vargas liberou as manifestaes populares at ento perseguidas e, com isso, beneficiou a capoeira que deixou de ser proibida pela polcia.
Casado e pai de 10 filhos, Bimba enfrentava problemas financeiros. Assim, acreditando em promessas de maior reconhecimento e de uma vida melhor, Mestre Bimba deixa Salvador e parte para Goinia.
Porm sua vida em Goinia no foi como lhe haviam prometido. Um ano depois de deixar a Bahia, no dia 05 de fevereiro de 1974, morre Mestre Bimba.
O homem que elevou a capoeira de status, que a tirou de baixo do p do boi, como gostava de dizer, e a introduziu nos meios universitrios e sociais de Salvador, que foi citado em enciclopdias e filmado por turistas do mundo todo.
Sepultado em Goinia, seus restos mortais foram transladados para Salvador em 20 de julho de 1978.
Bimba se foi mas deixou sua majestosa, inigualvel obra, a qual, como ele, tornaram-se imortais, deixando sua filosofia e sua fora de fazer uma capoeira forte e insupervel, uma capoeira autntica, digna de ser chamada Capoeira Regional, a arte marcial brasileira.
Algumas criaes de Mestre Bimba:
. Criou a capoeira regional, na poca consistia de 52 golpes.
. Criou um mtodo de ensino, a chamada seqncia de Bimba que consiste em 8 seqncias de ataque e defesa para serem executados na roda.
. Criou a seqncia de cintura desprezada, que uma srie de bales cinturados, que os alunos s podiam jogar depois de formados, ao toque de iuna.
. Criou o batizado de capoeira, um ritual onde o aluno iniciado na capoeira recebendo um apelido e sua primeira graduao.
. Criou a graduao na capoeira, que consistia em 4 lenos de esguio de seda:
1 leno cor azul aluno formado
2 leno cor vermelho aluno formado e especializado
3 leno cor amarelo curso de armas
4 leno cor branco mestre de capoeira
MESTRE PASTINHA
Mestre Pastinha descende de pai espanhol e mãe baiana, foi batizado em 1889 com o nome de Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, na cidade de Salvador-Ba. Conta-se que o princípio de sua vida na roda de capoeiragem aconteceu quando tinha 8 anos , sendo seu mestre o africano Benedito, o que ao vê-lo apanhar de um garoto mais velho, resolveu ensinar-lhe as mandingas, negaças, golpes,guardas e malícias da Angola. O resultado veio logo aparecer , Pastinha nunca mais fora importunado por ninguém.
Mestre Pastinha serviu na Marinha de Guerra do Brasil, onde permaneceu por um período de 8 anos .Mestre Pastinha de tudo fez um pouco,trabalhou como pedreiro, pintor, entregava jornais, tomou conta de casa de jogo; no entanto, o que mais gostava de fazer era ensinar "a grande arte ".Pastinha conhecia a capoeira , sabia como era importante continuar aquela cultura, aconselhava que era preciso ter calma no jogo "quando mais calma melhor pró capoerista", e que a capoeira "ela é o pai e mãe de todas as lutas do Brasil. Sabia muito bem os fundamentos e os segredos existentes na capoeiragem, cantava, tocava os instrumentos e ensinava como um verdadeiro mestre deve fazer. Pastinha foi nas rodas de capoeira um autêntico mestre, um bamba na luta.
Saindo da Marinha em 1910, inicia sua fase de prof. de capoeira ,seu primeiro aluno foi Raimundo Aberê, este se tornou um exímio capoeirista, conhecido em toda Bahia .Segundo Mestre Pastinha , sua primeira academia ficava localizada no Largo do Cruzeiro do São Francisco, na rua do meio do terreiro. Pastinha dizia: "Acapoeira tem muitas coisas.Primeira parte; a capoeira tem seu dicionário; segunda parte: tem seu dicionário; terceira parte : tem seu dicionário e quarta parte ; tem seu dicionário ". Ensinava que quando alguém fosse falar sobre a capoeira dissesse somente o que sabia, "não vá dizer que a capoeira é o que ela não é , nem vá contar o que não viu ninguém falar , então, não vá contar aquilo que não pode contar. Não é todo mundo que vá abrir a boca e dizer eu conheco a capoeira, a capoeira é isso.Nem todos mentais, nem todos sujeitos pode abrir a boca para cantar o que é capoeira não."
Mestre Pastinha era uma pessoa bem humorada, descontraída, bastante receptivo , rico em conhecimento, seu saber transcendia as rodas de capoeira. Era uma pessoa do mundo ideal, camarada amigo, pai e irmão dos discípulos.Viveu intensamente seus longos anos dedicados à capoeira de Angola, classificou-se na história da maladragem, da malícia, como ás. Manteve em sua academia de Angola, a originalidade da eficiência da luta em momento algum fora perdido na academia de Pastinha. Ele contribuiu categoricamente com o seu talento e dedicação à capoeira para que a sociedade baiana e brasileira percebessem a capoeiragem como uma luta-arte imbatível, guerreira, que está além dos paupérrimos preconceitos que há na sociedade.
Vicente Pastinha, foi filmado ,fotografado , entrevistado , gravou disco e deixou um livro , a capoeira nunca mais poderá esquecer este ás , o guardião da capoeira d'Angola. Foi lá na casa 19, no largo do Pelourinho, que funcionava a sua academia , o Centro Esportivo de Capoeira Angola fundada em 1941.Milhares de pessoas estiveram na academia, ficavam impressionadas com as cantorias, com o som dos berimbaus , pandeiros e agogôs e principalmente , com os jogos que lá rolavam . Por fim , foi feita uma reforma no sobrado, disseram ao mestre que ele não tinha com o que se preocupar, após terminadas as obras, ele voltaria para lá , seu lar, sua academia. Nunca mais se ouviu a voz de Pastinha dentro do sobrado, o povo não mais assistiu a uma maravilhosa roda de capoeira de Angola naquele velho sobrado.O Mestre Pastinha não voltou , morreu na escuridão de um quarto decadente no bairro Pelourinho em Salvador.
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